quinta-feira, 23 de maio de 2013

Núcleo de Consciência Negra tem sua institucionalização aprovada na FFLCH-USP

Vencemos a 1ª batalha... após 26 anos de militância cotidiana em prol dos direitos negados à população negra sem o reconhecimento institucional da USP, o Núcleo de Consciência Negra (NCN) finalmente teve sua proposta de criação de um "Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária (NACE)" aprovada pela Comissão de Cultura e Extensão da Faculdade de Filosofia, Ciências, Humanidades e Letras (FFLCH-USP) na tarde desta quarta-feira, 22/05. 

Mostra de Arte e Sarau no vão da História & Geografia
A aprovação ocorreu em meio ao Mês da Abolição Interrogada II... 125 anos depois, atividade política, acadêmica e cultural que marca os 125 da abolição da escravidão e os 25 anos da 1ª atividade organizada pelo NCN na USP. Em parceria com entidades do movimento estudantil e negro, o Núcleo de Consciência Negra tem organizado Seminários, Saraus e Mostras de Arte neste mês de maio por toda USP e a aprovação do NACE é a consequência natural de tudo o que temos feito e fortalece a "Campanha pela Criação da Casa da Cultura Negra da USP".  

A abolição da escravidão está inconclusa, pois os números mostram claramente que o ingresso dos estudantes negros na USP está muito aquém do percentual desta raça na sociedade, principalmente nos cursos de maior demanda social. Além disso, diversos casos de racismo contra estudantes e moradores das comunidades vizinhas da USP, ocorridos recentemente, e estão sendo combatidos política e juridicamente pelo NCN, que dá suporte às vítimas.

O NCN luta incansavelmente contra as desigualdades sócio-étnico-raciais da sociedade brasileira e criou, em 1994, do 1º Curso Pré-Vestibular voltado para a preparação de jovens negros no Estado de São Paulo, projeto este que continua em funcionamento. A entidade conta também com um Centro de Ensino de Idiomas, com Grupos de Estudo e Formação atuantes e com a Biblioteca Comunitária "Maria Carolina de Jesus". Pelo exposto acima, concluímos que a aprovação do nosso NACE veio para coroar a luta histórica do NCN por um mundo sem racismo.


Alertamos à nossos alunos, colaboradores e apoiadores que:

A aprovação do NACE pela FFLCH-USP (ainda) não garante o uso do espaço que ocupamos!

Mas agora, tendo nossa proposta de institucionalização aprovada, cabe à atual Reitoria da USP regularizar o uso do barracão que ocupamos há 19 anos e retomar as negociações para criação da "Casa da Cultura Negra da USP", casa voltada ao estudo e entendimento acadêmico e cultural da população negra brasileira, e futura sede do Núcleo de Consciência Negra na USP.

Assine nosso Abaixo-Assinado e nos apoie nesta luta!

Atenciosamente,

Núcleo de Consciência Negra

www.ncn.org.br
Grafite na frente do barracão do Núcleo de Consciência Negra na USP

Assine nosso Abaixo-Assinado e nos apoie nesta luta!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A USP é Racista?

A Universidade de São Paulo está entre as cem melhores universidades mundias, é a única da América do Sul na maioria dos Rankings, mas quando olhamos para a cor da pele dos discentes, docentes e funcionários efetivos da universidade, notamos que a grande maioria dessas pessoas são brancas. Dito isso, fazemos a seguinte pergunta: Por que a melhor universidade do país tem a sua população predominantemente branca, se a grande maioria da população brasileira é composta majoritariamente por negros?. Leonardo Sakamoto detalha os motivos dessa pergunta no texto: "O povo entra em cena". Um dos seus principais argumentos é a estatística note: "A exclusão dos negros se amplia pelos equipamentos e serviços públicos, e também pelos direitos. Um direito historicamente negado é o do acesso à educação. No Brasil 70% dos analfabetos são negros, e apenas 2,8% de negros com mais de 16 anos estão no ensino superior". Esse argumento ratifica que a USP tem um caráter elitista e racista.

Gostaria de lembrar alguns acontecimentos ocorridos dentro da USP que reforçam a argumentação dita anteriormente: no começo de 2012, sobretudo, em janeiro, todos acompanharam através da imprensa a postura racista do policial que agrediu o estudante negro dentro do espaço DCE ocupado, o policial duvidou que o rapaz fazia parte do corpo discente da USP por ter a pele negra. Outro acontecimento que reforça o preconceito racial aconteceu comigo mesma, deixe-me me apresentar sou uma estudante negra do curso de Letras e estava presente na reintegração de posse da Moradia Retomada no Bloco G do CRUSP. E na delegacia do 14° destrito policial sofri discriminação, os policiais registraram no meu boletim de ocorrência que eu tinha apenas o 1° grau incompleto e os demais, por serem brancos, foram registrados como superior incompleto. Diante disso, fica claro o quanto os órgãos institucionais têm postura racista.

Além disso, gostaria de fazer um apelo à todos para pressionarem a Reitoria na criação da Casa de Cultura Negra, pois sou professora de gramática do Núcleo de Consciência Negra e esse espaço está praticamente cercado por placas de uma empresa de demolição, sem garantia alguma de que a USP cederá um novo espaço para a continuidade das suas atividades politico-educacionais, como o Curso Pré-Vestibular, o Centro de Ensino de Idiomas e a Biblioteca "Maria Carolina de Jesus". Se a Reitoria não ceder um novo espaço, em boas condições de uso, teremos mais a prova cabal da postura institucionalmente racista que a USP têm para com a sociedade.  

Autora: Ingrid Lidyane Santos Silva - Aluna do 3° ano de Letras na FFLCH-USP e Prof.a de Gramática no Curso Pré-Vestibular Popular Vespertino, do Núcleo de Consciência Negra.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mais 1 Maio… de Luta Negra na USP


Em 13 de Maio de 2013, enquanto alguns celebram 125 Anos da Abolição da Escravidão, nós o/a interrogamos se ela realmente ocorreu, afinal, os indicadores sócio-econômicos do IBGE apontam para uma disparidade étnica-racial gritante que existe [1]… persiste… às custas de uma Negativa perversa ao invés de uma Afirmação, de uma Ação Afirmativa visando a Reparação, do povo Negro explorado pela elite desta Nação.
O dia 13 de Maio é a data de nascimento do Núcleo de Consciência Negra na USP que completou 26 Anos de Resistência na USP e é também o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, sentimento esse introjetado dentro da Universidade “melhor rankeada” do Brasil. O que a USP fez e faz para combater o racismo dentro e fora de seus muros?
Sob a sigla NCN, nascemos conscientes, confiantes e dispostos a fazer luta, prontos e sedentos por escrever na história um Capítulo sobre Reparação, prontos para entre-iguais-de-fato construir um futuro de união, cooperação e não mais pontos de ?(interrogação)? .

Maio pela Casa da Cultura Negra da USP
Desde sua fundação, o NCN cumpre um papel agregador entre ativistas da luta pelos direitos civis da população negra, reparações históricas e a implementação de ações afirmativas para a população negra. Pedimos o seu apoio para que o Núcleo de Consciência Negra (NCN) conquiste o reconhecimento da Reitoria da Universidade de São Paulo e que esta nos conceda a autorização de uso do espaço que ocupamos há 26 anos para lutar contra o racismo e por inclusão sócio-étnico-racial da população negra. A Casa da Cultura Negra será o espaço do Núcleo de Consciência Negra na USP.
Assine nosso Abaixo-Assinado!  www.peticaopublica.com.br/?pi=ncnusp
 
Maio da Abolição Interrogada II -> 125 anos depois
Lhe convidamos para vir debater conosco se a população negra é hoje, Século XXI, livre e tem acesso pleno aos Direitos, assim como em 1988, ocasião da 1ª Abolição Interrogada. Dentre as atividades de Cultura & Extensão que estamos organizando, teremos dia 17/5:
Oficina de Stencil e de Capulanas às 14hs e uma Mesa às 18hs com o tema “Verdades e desafios para superação das desigualdades étnicas-raciais”. Além disso, teremos um Sarau às 20hs e uma Festa-Ato às 22hs neste mesmo dia, com samba e ritmos latinos.
Nos dias 25/05 e 08/06 (2 Sábados) às 9hs, vai rolar Oficina de Comunicação Comunitária (16hs de duração) com o Rapper Pirata.  
Inscrições pelo email: rapperpirata@gmail.com
 
Maio de Luta Contra o Racismo na USP
O NCN tem como princípio a defesa dos negros vítimas de racismo. Dentre os casos mais recentes podemos citar o estudante ameaçado por um policial militar no CRUSP porque não “mostrou a carteirinha USP” (detalhe: ele estava com diversos outros estudantes, mas era negro). O de uma aluna negra que era constantemente abordada pelos Guardas da EEFE e quando questionou a razão ouviu que “era porque ela não parecia aluno USP”. Num outro caso, ocorrido nas redes sociais, um perfil-fake-identificado perguntava aos colegas se eles apoiavam as Cotas para “transarem com mulheres negras” e, por fim, mas extremamente importante, um caso recente de falsa-acusação, seguida de agressão, tortura e prisão de um jovem trabalhador numa Festa dentro do campus.

Não toleramos atos de racismo e nenhum outro tipo de discriminação! Não!
Não saímos do nosso barracão, pois fazemos Política, Cultura e Extensão! Não!
Não queremos o PIMESP, pois ele não é Ação Afirmativa de Reparação! Não!


[1] Você pode escolher seu indicador sócio-econômico favorito, porque aqui, diferentemente do PIMESP, cita-se a fonte dos dados usados > http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/defaulttab.shtm

 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Manifesto pela Criação da Casa da Cultura Negra da USP


Pedimos o seu apoio para que o Núcleo de Consciência Negra (NCN) conquiste o reconhecimento da Reitoria da Universidade de São Paulo e que esta nos conceda a autorização de uso do espaço que ocupamos há 26 anos para lutar contra o racismo e por inclusão sócio-étnico-racial da população negra.
A Casa da Cultura Negra será o espaço do Núcleo de Consciência Negra na USP.
Assine nosso Abaixo-Assinado e some na luta!

www.peticaopublica.com.br/?pi=ncnusp

A criação do NCN ocorreu em 13 Maio de 1987 através da auto-organização de funcionários, professores e estudantes da USP, que começaram então a fazer política a partir desta entidade do Movimento Negro, nascida dentro da USP.

Consolidamos nossa atuação política na Universidade com uma vitoriosa ocupação, que viabilizou criar o 1ª Curso Pré-Vestibular para Jovens Negros do Estado de São Paulo, e que continua em atividade até os dias atuais. Além do ‘Cursinho’ noturno e diurno, o Núcleo realiza inúmeras atividades políticas, educacionais, acadêmicas e culturais dentro da USP, dentre elas destacamos: o Centro de Estudo de Idiomas (CEI), os debates e seminários sobre a história, demandas e cultura afro-brasileira.

Nossa dificuldade de manutenção do barracão é histórica, pois a USP, ao longo dos nossos 26 anos de existência, sempre mostrou-se contrária à existência de uma associação autônoma com o perfil reivindicatório que temos, dentro de seus muros. 
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Desde sua fundação, o NCN cumpre um papel agregador entre ativistas da causa pelos direitos civis da população negra. Em seus 26 anos de (r)existência, o NCN sempre defendeu a necessidade de reparações históricas e a implementação de ações afirmativas para a população negra e nunca deixou de mostrar à sociedade a contribuição da cultura afro-brasileira na formação do nosso país.

Recentemente, a reitoria da USP decidiu negociar um Convênio conosco, mas até o momento não sinalizou se e nem onde quer colocar nossos projetos político-sociais.

Reivindicamos a criação da “Casa da Cultura Negra da USP”, pois somos numericamente a maioria da população brasileira, mas uma minoria política que não descansará enquanto não tiver seus anseios de inclusão, plenamente atendidos.

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Atenciosamente,
Coordenação do Núcleo de Consciência Negra na USP

USP não tem calouro preto nas três carreiras mais concorridas de 2013

Por: Cristiane Capuchinho, do UOL, em São Paulo - 03/05/2013

As três carreiras mais concorridas do vestibular 2013 da USP (Universidade de São Paulo) não têm alunos pretos matriculados no 1° ano --conforme classificação de cor do IBGE (no quadro abaixo). Juntos, os cursos de medicina, engenharia civil em São Carlos e publicidade e propaganda matricularam 369 alunos, segundo a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). Desses, 78,3% se declararam brancos, 9,5% são pardos e 11,9%, amarelos. 


As nomenclaturas "pretos", "pardos", "indígenas", "amarelos" e "brancos" dizem respeito a cor e são termos utilizados pelo IBGE em suas pesquisas. O grupo populacional negro pode ser composto pela soma de pretos e pardos.

Segundo o Censo do IBGE de 2010, 63,9% dos habitantes paulistas se declararam brancos, 29,1% pardos, 5,5% pretos, 1,4% amarelos e 0,1% indígenas.

Nos dez cursos mais concorridos do processo seletivo 2013, apenas 4 pretos se matricularam. O curso de ciências médicas de Ribeirão Preto, o quarto mais concorrido, teve apenas um preto entre seus 103 calouros. Em jornalismo, sexto lugar na concorrência, ingressou um de 66 alunos. No bacharelado de artes cênicas (8°), há um calouro preto. E no curso de design, matriculou-se este ano apenas um entre 43 alunos.

No momento da inscrição na Fuvest, 4,3% dos candidatos do processo seletivo para a USP se autodeclararam pretos, 15,1% pardos, 5,1% amarelos e 0,2% indígenas.
No momento da matrícula, a presença de pretos e pardos passa a ser menor. Dentre os estudantes que se matricularam em 2013, 2,4% são pretos, de acordo com informações da Fuvest. Os pardos compõem 11,3% dos calouros, os amarelos são 7,5% e os indígenas formam 0,2% dos alunos.

Leia mais em:  http://vestibular.uol.com.br/noticias/redacao/2013/05/03/usp-nao-tem-calouro-preto-nas-tres-carreiras-mais-concorridas.htm