domingo, 6 de maio de 2012

Núcleo de Consciência Negra solicitou os dados do INCLUSP para desenvolver pesquisas científicas sobre a presença de negros e estudantes de escolas públicas na USP


A solicitação dos dados do Programa de Inclusão Social da USP (INCLUSP) para o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre a inclusão social e racial na Universidade de São Paulo foi realizada oficialmente em uma reunião na tarde do dia 24 de Abril de 2012. A Pró-Reitora de Graduação, Profa. Dra. Telma Zorn, recebeu das mãos de membros do Núcleo de Consciência Negra (NCN) uma proposta de pesquisa sobre os dados de acesso, aproveitamento e evasão da USP. O estudo será coordenado pelo Prof. Dr. Kabengele Munanga (FFLCH-USP / INCT de Inclusão/CNPq) e desenvolvido por professores e pesquisadores parceiros.
Por meio deste projeto de pesquisa, a equipe propõe uma análise dos programas de inclusão social da USP. O objetivo é verificar os efeitos do INCLUSP e demais programas de inclusão social da USP segundo a distribuição dos ingressantes da USP por origem escolar, cor/raça e condição socioeconômica manifestados nas variações de pontuação no vestibular, nas taxas de inscrição de candidatos, aprovação e matrícula de alunos. Além disso, pretende-se realizar simulações de políticas de ações afirmativas para verificar os mecanismos de exclusão no ingresso à USP e sugerir políticas de inclusão.
É também objetivo desta pesquisa analisar os indicadores de desempenho acadêmico e de evasão dos beneficiários do INCLUSP bem como os dos não-beneficiários.
Todas essas verificações serão acompanhadas de levantamentos de dados qualitativos por meio  de entrevistas com professores coordenadores do INCLUSP e alunos beneficiados a fim de verificar o que estes atores pensam sobre a concepção e implementação do INCLUSP e sobre as relações socioeconômicas e raciais no Brasil.
O projeto de pesquisa será desenvolvido simultaneamente pela FFLCH-USP, Psicologia-USP, UFMT, UFSC e pelo INCTI (Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa do CNPq) na área estratégica de Inclusão e Desenvolvimento Social, contando com financiamento do CNPq e com a participação dos seguintes Professores Doutores: Alessandro de Oliveira Santos (IP-USP), Ricardo Casco (IP-USP), Márcio Roberto da Silva Oliveira (UFMS), Antonio Fernando Boing (UFSC), Marcelo Henrique Romano Tragtenberg (UFSC), com o apoio de membros do NCN e do NEINB-USP (Núcleo de Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro).
 Para o grupo de pesquisa organizado pelo NCN, todos os programas de inclusão social implementados nas Universidades Públicas brasileiras nos últimos anos precisam ser avaliados por pessoas externas a eles.  Assim, é possível gerar  resultados qualitativos e quantitativos isentos, reprodutíveis e complementares aos dados sobre a inclusão que são periodicamente elaborados pela USP e outras universidades públicas.
Segundo Maria José Menezes, coordenadora de Núcleo de Consciência Negra e Técnica do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, a solicitação dos dados do INCLUSP para o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre a inclusão social e racial já havia sido feita em novembro de 2010. “Porém, à época, a liberação das informações não ocorreu, pois o NCN não tinha um projeto escrito e nem professores da USP para coordenar o estudo. Agora temos um projeto que mobilizou uma equipe formada pelos melhores pesquisadores da área de Inclusão Social no Brasil para produzir conhecimento sobre a inclusão na USP”. Durante a reunião de apresentação da proposta, o Prof. Kabengele Munanga ressaltou que “tem vasta experiência nesta área de pesquisa, pois, além da produção acadêmica, participou de todas as Comissões internas da USP que discutiram o tema da inclusão social na Universidade”.
Embora o projeto tenha sido apresentado em primeira mão para a Pró-reitoria de Graduação da USP, o grupo de pesquisa espera contar com a parceria de outros órgãos, comissões e grupos de pesquisadores da Universidade de São Paulo. Em particular, a colaboração da FUVEST (Fundação Universitária para o Vestibular) e CPPPIS (Comissão permanente de políticas públicas para a Inclusão Social) será essencial.
A Pró-Reitora de Graduação comprometeu-se a levar o projeto ao Conselho Curador da FUVEST, para a liberação dos dados de acesso de 2001 a 2012 e levantou que os dados do sistema acadêmico Júpiter poderão ser liberados se for resguardada a identidade dos alunos.

Contato para mais informações:
Fone: (11) 3091-4291

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O NCN no STF, quando o Brasil ganhou do DEM


Por: Leandro Salvático

Representei o Núcleo de Consciência Negra da USP no SuperiorTribunal Federal (STF) no dia 26 de Abril de 2012, durante o julgamento da liminar aberta pelo Partido Democratas (DEM) contra as Cotas Raciais implementadas na Universidade Federal de Brasília (UnB). Cotas esses, em vigor desde 2004 como um esforço admirável daquela Universidade para eliminar as injustiças praticadas no Brasil contra as minorias.

O julgamento das Cotas Raciais no STF era aguardado tanto por aqueles que lutam contra o racismo e a desigualdade sócio-étnica-racial quanto pelos que lutam pela continuidade (ou eternalização/perpetuação) do status-quo, no qual uma etnia (numericamente minoritária) domina as vagas nas melhores universidades, no mercado de trabalho especializado e os cargos políticos do país. O julgamento teve início com um voto do Ministro-Relator do processo, Ricardo Lewandowski, favorável às Cotas e quando chegou a vez (e o voto) do Ministro Joaquim Barbosa, o placar já estava 4 votos para as Cotas e nenhum voto para o DEM.

 O primeiro e (até o momento) único negro do STF, Ministro Joaquim Barbosa, chamou para si a palavra e com base em um texto escrito por ele próprio em 2001, deu um show de Direito Constitucional à Plenária, trazendo à tona o fator motivador da Ação do DEM no STF, que é nada mais, nada menos do que interesses particulares de uma elite que quer a todo custo manter o poder que detém, mesmo que para isso tenham que deixar inúmeras gerações sem acesso ao desenvolvimento social brasileiro e mundial (não seria esse o interesse da elite?).

O voto número cinco colocou o Brasil a apenas um voto de distância da legitimidade jurídica das Cotas, pois a legitimidade científica ela tem há décadas, e fez com que algumas (poucas) pessoas do DEM presentes na sala, começassem a se retirar. As lideranças do Movimento Negro permaneceram na Plenária, apreensivas. Eram dezenas de pessoas vindas de todo o Brasil, e assistiram ao momento em que o Ministro Celso Pelluzo foi chamado e conclamou a constituição brasileira para afirmar em alto e bom som que as ações afirmativas são plenamente constitucionais, citando exemplos como a Lei Maria da Penha para apontar diferenças positivas, e apontando para o fato de que o tratamento diferenciado de minorias está previsto na Constituição Brasileira.

Antes de finalizar, ele atacou um a um os argumentos racistas utilizados pelo DEM de que “as Cotas vão gerar discriminação” (uma vez que não existe nenhum dado empírico que confirme isto) e o de que “as Cotas atacam o mérito” (pois não existe mérito quando se compara de forma igual dois pessoas que não tiveram oportunidades iguais ou similares). O racismo caiu de joelhos, a farsa do meritocracia foi junto pelo ralo e as Cotas Raciais pelas quais os Movimentos Sociais tanto lutaram para implementar haviam vencido essa batalha. Houve uma comemoração silenciosa, e porque estávamos dentro do STF, mas muito intensa, com abraços, sorrisos  e palmas de surdo! Muitas!!! Foi lindo! Eu jamais esquecerei aquele momento...

O voto número seis deu a vitória ao Brasil.. sim, ao Brasil...não somente aos negros brasileiros, pois a população não-negra terá o prazer de disfrutar um ambiente universitário mais diverso em termos sócio-étnico-racial e cultural, e vamos aprender muito mais com isso. Sem dúvida, o Brasil ganha com isso. O avanço na implementação das Cotas em todas as Universidades do país, principalmente nas numéricas e simbolicamente grandes como a USP, vai ocorrer e farão com que nossos filhos brancos, negros, amarelos, indígenas, sejam pessoas mais sábias, mais tolerantes e capazes de construir um país com oportunidades para todos e todas.

O julgamento no STF decidiu unanimimente a favor das Cotas e aconteceu na mesma semana que o Núcleo de Consciência Negra protocolou o pedido dos dados do Programa de Inclusão da USP, o INCLUSP, para desenvolver um projeto de pesquisa sobre o tema, projeto esse que contará com a participação dos maiores pesquisadores do Brasil na área de Inclusão Social.

Conseguimos duas vitórias contra o racismo a menos de um mês do NCN completar 25 ANOS. E com base na nossa história de luta, experiência e conhecimento adquiridos ao longo dessa jornada que por tantas vezes fez ecoar o grito de “COTAS NA USP JÁ!”, questionamos você, leitor: O INCLUSP é mais eficaz para gerar inclusão social que o sistema de Cotas Raciais implementado na UnB e em outras tantas Universidades Brasileiras, para gerar inclusão?

Essa resposta ninguém (ainda) tem, mas com o avanço da ciência sobre o preconceito e conservadorismo, afirmo que não tardará a chegar o dia em que A USP VAI FICAR PRETA! Muito PRETA! Se você duvida da eficácia das Cotas, convide o NCN e nossos aliados para fazer esse debate com você, Doutor. Para quem não sabe, o Núcleo de Consciência Negra na USP foi a 1ª Entidade Política do Brasil a pautar Cotas nas Universidades como meio Reparação Histórica ao Povo Negro! No início da década de 90... Vencemos porque argumentos científicos (estatísticos, históricos, sociais e jurídicos) aqui não faltam... e aí?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CARTA DO NCN EM RESPOSTA AO BOLETIM USP DESTAQUES Nº50 - 08/02/2012

A recente campanha política via web lançada pelo Núcleo de Consciência Negra (NCN) para a permanência de seu espaço no campus Butantã da Universidade de São Paulo serviu para trazer a tona o histórico de resistência da entidade. Além disso, revelou a permanente tentativa de consolidação de convênio junto a USP que o NCN espera solucionar há mais de 15 anos.
            No dia 20 de janeiro, a Assessoria de Imprensa da Reitoria divulgou para toda a comunidade uspiana o “Boletim USP Destaques no. 50”. O informativo presta “esclarecimento” à “Nota Pública do Núcleo de Consciência Negra sobre a tentativa de demolição do seu barracão na USP”, assinada, na realidade, por toda a coordenação da entidade e não apenas pelo eng. Leandro Salvático (um dos coordenadores), citado explicitamente no documento da reitoria. Vale atentar que dezenas de entidades, intelectuais, coletivos e indivíduos assinam tal nota pública.
O informativo da USP também busca, à sua maneira, tornar público o histórico do NCN no âmbito da Universidade. Porém, pelo conteúdo das informações do referido Boletim, faz-se necessário um pronunciamento público da atual coordenação do Núcleo de Consciência Negra.

A história contada por nós
            O Núcleo de Consciência Negra foi fundado em maio de 1987 por servidores técnico-administrativos, docentes e estudantes de graduação e pós-graduação da USP. Objetivo da entidade era --e ainda é-- construir, pautar, provocar a discussão étnico-racial, principalmente na Universidade de São Paulo, onde estas questões não faziam --e politicamente ainda não fazem-- parte da agenda.
            Em 1988, no centenário da Abolição da Escravatura no Brasil, o NCN constrói a Semana da Abolição Interrogada. Desde então, a entidade tomou para si a responsabilidade da organização de debates, seminários e palestras sobre a questão racial, na perspectiva do povo negro como sujeito e conhecedor de sua própria história, inclusive e principalmente no espaço universitário.
            Em março de 1994, o Núcleo de Consciência Negra fundou o primeiro curso pré-vestibular universitário para alunos afrodescentes de baixa renda no estado de São Paulo. O curso que se mantém ativo até hoje e é oferecido regularmente em formato extensivo.  O trabalho desenvolvido conta com a atuação voluntária de professores, coordenadores e colaboradores.

O NCN esclarece que pede aos alunos matriculados financiarem unicamente os seus próprios materiais, já que a entidade, sem fins lucrativos, não possui recursos para arcar com tais custos. Vale destacar que a entidade não cobra mensalidades dos alunos, como afirma equivocadamente o Boletim USP-Destaques nº 50.

            Além das atividades citadas, o Núcleo de Consciência Negra mantém um acervo documental de livros e revistas sobre a temática afro-brasileira e literatura brasileira na Biblioteca Carolina Maria de Jesus, localizada na seda da entidade. Em sua história, o NCN também já produziu material sobre as questões raciais e em 2003 publicou o livro “Negras Questões - O negro na sociedade brasileira”.
            Atualmente, a entidade vislumbra, sim, estudos relacionados à área acadêmica e à própria USP. Está em andamento a elaboração de um projeto de pesquisa  que tem o objetivo de avaliar os efeitos que do Programa de Inclusão Social da USP (INCLUSP) teve sobre os candidatos negros (pretos e pardos) e indígenas desde sua criação, em 2007. Por saber do baixo número de estudantes e docentes negros na Universidade de São Paulo – e nas universidades públicas do Brasil-- e, por isso, defender a política afirmativa de Cotas Raciais e Sociais para o acesso ao ensino superior público como medida paliativa, o NCN entende o peso político da pesquisa proposta, que se vincula ao peso político carregado nos próprios debates que propõe na USP.
O projeto de pesquisa acadêmica conta com a colaboração de docentes e estudantes da USP e de outras universidades públicas do Brasil. Seguramente, esse estudo facilitará a elaboração de novas propostas para a universidade avançar na inclusão étnico-social entre os discentes e, futuramente, entre docentes na USP.
            Ao longo de 24 anos de atuação, o NCN elaborou, propôs e apoiou políticas públicas em prol de uma sociedade equânime, lutando pela inclusão e acesso ao conhecimento, da população negra e de baixa renda, através de políticas afirmativas direcionadas, como mencionado acima. Como fruto desse trabalho propositivo, o Núcleo já foi contemplado com financiamento de projetos junto a organizações como a UNESCO e a Fundação Ford. Além disso, já recebeu um prêmio da Prefeitura de São Paulo em reconhecimento à luta pelos direitos humanos que trava ao debater acesso ao ensino e as questões de racismo e negritude no Brasil.

Com a intenção de continuar essa luta, 9 coordenadores devidamente eleitos em assembleia e relacionados à comunidade USP compõem a atual gestão do NCN.

Da histórica e da atual luta pelo espaço
            É importante dizer que, desde que a entidade transferiu suas atividades para o barracão que ocupa atualmente, foi dado início à formalização da concessão de uso de seu espaço físico, por meio de um convênio com a USP. Foram mais de quinze anos de luta até que em dezembro de 2010, os membros do NCN tivessem acesso ao Processo 2003.1.521.1.3.
No documento, constata-se, que, à época, a então Consultoria Jurídica da USP (atual Procuradoria Jurídica) finalmente havia aceitado o pedido de convênio por parte do NCN. O texto que recomenda o convênio entre a USP e o Núcleo de Consciência Negra é assinado pelo secretário Geral da USP, professor Rubens Beçak, que escreveu: “Sugiro que seja regularizada a utilização do espaço físico em questão bem como seja formalizado o termo de permissão de uso respectivo. A solicitação de regularização deverá ser acatada. 30/08/2010” (veja imagem a seguir).





            Porém, mesmo após o parecer favorável e antes mesmo de um desfecho sobre a afirmação do termo de convênio, a concessão do uso do espaço FOI  sumariamente vetada pelo coordenador da COESF (Coordenadoria do Espaço Físico da USP), professor Antonio Marcos Massola e, desde então, esquecida pela reitoria da Universidade. A alegação foi justamente a desativação do espaço dos barracões para “uso da Reitoria” (nada especificado acerca de qual uso), comprovando a perseguição do Núcleo de Consciência Negra com respostas injustificáveis e negativas à presença da entidade nos espaços físicos de um dos campi da Universidade.
Já que, como citado, o convênio foi autorizado há mais de um ano, nós, membros da atual gestão do Núcleo de Consciência Negra que escrevem e assinam esta carta-resposta, queremos obter a garantia concreta de um espaço para exercermos as atividades da entidade, mesmo após à recentemente confirmada “revitalização do espaço dos barracões”.  
Para tanto, ao contrário do que informa o USP-Destaques nº 50, estamos, sim, dando encaminhamento às solicitações feitas pela Comissão de Políticas Públicas para a Inclusão Social da USP (CPPPIS) – órgão da Reitoria responsável pela negociação com o Núcleo. Já retiramos, por exemplo, o nome “USP” do nosso logotipo e do nome que utilizamos, passando a utilizar apenas o “Núcleo de Consciência Negra”, mesmo acreditando ser essa uma exigência muito constrangedora e um verdadeiro detalhe perante toda a situação. Afinal, na medida em que diversas entidades que atuam na Universidade utilizam “USP” em seus respectivos nomes, por que será que o Núcleo de Consciência Negra, que atua a mais de duas décadas dentro da Universidade e é composto por funcionários, alunos e docentes da mesma, não pode usar também a sigla “USP” como referência à localização geográfica da entidade?

Nesse sentido, vale dizer que, em 2011, a CPPPIS reconheceu a importância do NCN na luta por políticas de inclusão em um parecer sobre as atividades da entidade na Universidade, no qual destaca-se o trecho:”(...) é evidente a relevância da atuação crítica do Núcleo de Consciência Negra para a disparidade encontrada na USP quanto à origem étnica de seu alunado propondo, como de fato criou, cursinhos pré-vestibulares recrutando alunos nas escolas públicas em especial alunos afrodescendentes para os vestibulares da USP .
O USP-Destaques nº 50 não menciona sequer a existência desse documento.


Outra informação aparentemente desconhecida pela Reitoria e não mencionada no USP Destaques n° 50 é que o Núcleo de Extensão e Cultura em Artes Afro-Brasileiras, possui suas raízes no Núcleo de Consciência Negra, já que ambos ocupavam o mesmo espaço até 1997. Após sua separação o Núcleo de Extensão e Cultura em Artes Afro-Brasileiras se tornou uma importante referência cultural afro-brasileira, o que torna inegável a contribuição do NCN para a Universidade de São Paulo avançar na ampliação da diversidade e da qualidade das pesquisas e práticas culturais no campo étnico-racial, já que ninguém além de tal Núcleo Cultural desenvolve esse tipo de trabalho na USP. Vale destacar também que a principal atuação do NCN, antes mesmo da contribuição cultural junto ao Núcleo de Extensão e Cultura em Artes Afro-Brasileiras anteriormente, é o debate político e social sobre o negro no Brasil e o seu acesso ao Ensino Superior público – debata ainda árduo junto á universidades públicas brasileiras.



















Após a apresentação de tais evidencias, cabem questionamentos. Permaneceremos no mesmo espaço que ocupamos desde 1987, ou será reservado a nós um outro espaço dentro do campus Butantã da Universidade de São Paulo? E se outro lugar nos for oferecido, que espaço é esse? Onde a Reitoria tem planos de colocar o Núcleo de Consciência Negra? Queremos esclarecimentos mais contundentes sobre onde fica esse possível “outro local”, uma vez que a Reitoria ignorou todos os Ofícios que protocolamos pedindo esclarecimentos a respeito.
A proposta da entidade é que o NCN seja transferido para o espaço onde atualmente se encontra o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), uma vez que este instituto será transferido em breve para a Biblioteca Brasiliana.

            Mesmo sob o risco iminente de ter sua sede destruída, todas as atividades de educacionais do NCN continuam (Cursinho Pré-Vestibular, Cursos de Idiomas e a Biblioteca). Não aceitaremos passivamente esse ato de violência, pois não resistir a esta tentativa de demolição do NCN é ignorar o racismo como fenômeno social (dentro e fora da USP), é colaborar com a política dos opressores, é não reconhecer que precisamos, neste momento e sempre, dar um tratamento decente às políticas de acesso e permanência a todos os cidadãos e principalmente àqueles que foram historicamente marginalizados.
Estamos a disposição da Reitoria da USP para continuarmos e consolidarmos um diálogo harmônico, desde que isso seja baseado no respeito mútuo e não na reprodução do racismo com base institucional, da truculência e de informações inverídicas. Também estamos disponíveis para mais informações e quaisquer esclarecimentos solicitados pela comunidade USP e não USP.

Coordenação do Núcleo de Consciência Negra

Facebook: nucleodeconsciencianegra






terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nota de Repúdio do Núcleo de Consciência Negra na USP sobre a abordagem policial racista, ocorrida no dia 9 de Janeiro de 2012

A Polícia Militar está, pouco a pouco, mostrando à sociedade a razão pela qual ela foi colocada dentro do campus Butantã da Universidade de São Paulo pelo governo do estado. O suposto princípio de segurança do qual a reitoria se utiliza para combater a violência é na verdade uma fonte de violência e nós devemos nos perguntar quem, de fato, são os atingidos por ela.
O lamentável episódio de extrema violência policial contra Nicolas Menezes Barreto, aluno negro do curso de Ciências da Natureza, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e contra Anita, aluna negra do Curso de Matemática do Instituto de Matemática e Estatística (IME) e grávida de 5 meses, durante a invasão da polícia à um espaço estudantil não deixa dúvidas: dentro da USP, assim como fora dela, a Polícia Militar aborda as pessoas de forma truculenta e abusiva contra aqueles considerados fora do estereótipo "burguês-estudante da USP”, ou seja, as pessoas negras e pobres.
Como entidade que discuti a questão do racismo e acesso à Universidade, o Núcleo de Consciência Negra na USP (NCN) repudia veementemente as sucessivas e crescentes ações repressoras e racistas da Polícia Militar e da Guarda Universitária dentro da Universidade, em especial a ocorrida no último dia 9.
No vídeo que mostra a agressão divulgado no Youtube, fica nítido que entre os cerca de 15 alunos que protegiam o espaço de vivência do Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) da USP Nicolas era o único negro e, por isso, foi “o escolhido” para ser abordado e agredido pelo policial. Por ser negro, sim, Nicolas foi questionado sobre a sua condição de estudante da USP. E também por ser negro, antes mesmo de responder ao questionamento racista, foi abordado com tapas e teve uma arma apontada para sua cabeça.
É vergonhoso e não podemos aceitar a violência e o racismo policial em nenhuma parte do mundo. Nossa luta começa na USP, mas ultrapassa seus muros. Não podemos permitir que quando as pessoas negras e pobres vencem o filtro social do vestibular, elas sejam literalmente enquadradas por não estar de acordo com o “perfil USP”. Ironicamente, a USP possui apenas 10% de estudantes negros (FUVEST 2010), conta-se nos dedos os professores negros a ministrar aulas aqui e a única entidade que tem como linha política o questionamento disso (o NCN) está sendo ameaçada de fechamento e demolição do seu barracão pela Reitoria.
O Núcleo de Consciência Negra na USP, juntamente com o Instituto Luiz Gama,  está intercedendo para o devido auxílio jurídico aos estudantes agredidos, com a perspectiva de caracterizar as agressões como crimes de racismo. Além disso, a entidade cobrará da USP e do Estado de São Paulo a exoneração imediata do Guarda Universitário e dos 2 PMs agressores. O afastamento não basta!
Vídeo 1: http://youtu.be/iNAolrMSioU

Vídeo 2: http://youtu.be/oHthT-YtNSo

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Nota Pública do Núcleo de Consciência Negra sobre a tentativa de demolição do seu barracão na USP (05/01/2012)

No dia 21 de dezembro de 2011, o Núcleo de Consciência Negra na USP (NCN) foi surpreendido por uma tentativa de demolição do barracão onde desenvolve suas atividades no Campus Butantã da Universidade de São Paulo. Por conta disso, o barracão ficou sem fornecimento de água durante um dia e as aulas do seu Cursinho Popular Pré-Vestibular para 2ª fase da FUVEST tiveram de ser canceladas.


A tentativa de demolição aconteceu no período de férias, quando o campus fica praticamente vazio. Esse ataque ao NCN é mais um dos muitos ataques sofridos por aqueles que lutam pela democratização da USP, para que nela estudem jovens negros e da classe trabalhadora e para que o conhecimento gerado seja usado em benefício da sociedade e não do mercado.


O campus Butantã da Universidade de São Paulo possui 7.443.770 m², o que equivale a 1.838 campos de futebol. Apesar disso, a Reitoria da USP não apresentou até o momento uma alternativa de espaço para que o Núcleo de Consciência Negra na USP desenvolva seus projetos políticos e educacionais. A Reitoria quer que o NCN desocupe o barracão onde está localizado, tentando forçar o fim da entidade. Essa ação de repressão está diretamente ligada à criminalização da pobreza e à perseguição aos movimentos sociais dentro e fora dos muros da USP.


Nós, apoiadores e membros do Núcleo de Consciência Negra na USP não desistiremos da luta política histórica em prol da ampliação da diversidade étnico-racial no ambiente acadêmico. Repudiamos a ação truculenta, elitista e, no limite, racista da USP contra o NCN. Não nos calaremos diante de qualquer intervenção contra a organização e a autonomia política dentro da Universidade por ordem unilateral da reitoria ou de outros órgãos da USP, como temos visto acontecer. 


O Núcleo de Consciência Negra na USP é uma entidade sem fins lucrativos localizada há 24 anos no campus Butantã da USP e sempre lutou pela implementação de Cotas Sócio-Raciais como meio de reparação histórica ao povo negro brasileiro. Atualmente, a entidade mantém a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, um Cursinho Popular Pré-Vestibular, um Centro de Estudo de Idiomas e oficinas de Teatro e de Comunicação, além de atividades culturais, seminários e palestras sobre a história, as demandas sociais e a cultura afrobrasileira.

Para assinar a Nota, contate:  nucleodeconsciencianegra@gmail.com
Acessem e adicionem nosso Facebook: www.facebook.com/nucleodeconsciencianegra 


Assinam esta Nota:

Entidades:
ADUSP - Associação dos Docentes da USP
SINTUSP - Sindicato dos Trabalhadores da USP
UNEGRO
UNEAFRO-Brasil
Círculo Palmarino
Movimento Negro Unificado (MNU)
Instituto Luiz Gama
Conselho Municipal de Juventude da Cidade de São Paulo
Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
União dos Estudantes Estadual de São Paulo (UEE-SP)
União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES)
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
Marcha Mundial das Mulheres
Associação dos Pós-Graduandos da Univ. Estadual de Maringá (APG-UEM)
Associação dos Moradores do CRUSP (AMORCRUSP)
Associação dos Moradores da Comunidade São Remo
APROPUC/SP - Assoc. dos Professores da PUC-SP
Associação Paulista dos Direitos LGBT
Comunidade dos Judeus Gays do Brasil 
Assembléia dos Estudantes Livres (ANEL)




Intelectuais:
Prof. Kabengele Munanga - Professor de Sociologia FFLCH/USP
Prof. Marcos Silva - Professor Titular de Metodologia da História na FFLCH/USP
Profa. Dra Zilda Márcia Grícoli Iokoi - Titular de História Contemporânea da FFLCH
Prof.a Marília Pinto de Carvalho - Professora Livre Docente da FE-USP
Prof.a Marisa Feffermann - Pesq. do Instituto de Saúde e Militante do Tribunal Popular
Prof.a Marcia Gobbi - Docente da FEUSP
Prof.a Vanderlei Amboni - Docente da Universidade Estadual do Paraná
Prof. Emerson C. Inácio - Docente Letras FFLCH/USP
Prof. Adrián Pablo Fanjul - Repr. dos Prof. Dr. no Conselho Universitário da USP
Profa Beatriz Raposo de Medeiros - USP
Prof. Ruy Braga - Prof. Depto.de Sociologia da USP
Prof.a Paola G. Baccin - Docente Dep. de Letras Modernas FFLCH -USP
Prof. Dr. Homero Freitas de Andrade (FFLCH-USP) 
Prof. Jair Batista Silva - Dep. Sociologia/UFBA
Prof. Diego Alceno Konrad - Prof. Adjunto do Departamento de História da UFSM
Prof.a Beatriz Abramides - Presidente da Assoc. dos Professores da PUC
Prof. João Zanetic - Docente Dep. Física USP
Prof. Rosângela - Letras FFLCH/USP
Prof. Dennis de Oliveira (ECA/USP)

Coletivos e Movimentos Sociais:
Universidade em Movimento
Sujeito Coletivo
Frente 3 de Fevereiro
Juventude do PSTU
Universidade em Movimento
SAJU-USP

Mães de Maio

União da Juventude Socialista (UJS)


Militantes:
Milton Barbosa - Coordenador de Relações Internacionais do MNU
Joao Elias de Oliveira - Coordenador de Formação do MNU
Reginaldo Bispo - Coordenador do MNU
Leandro Salvático - Mestrando IEE/USP
Neli Maria P. Wada - Repr. dos Funcionários no Co e Diretora do SINTUSP
Dirceu Travesso - CSP/CONLUTAS
Douglas Belchior - Coordenador da UNEAFRO-Brasil
Dojival Vieira - Editor do Jornal Afropress
Cíntia Eufrásio - Doutoranda em Ecologia na UFC
Lúcia Dias da Silva Guerra - Doutoranda em Nutrição em Saúde Pública na USP
Danuta Hilaria Rodrigues - Historiadora
Ana Beatriz Cursino de Araújo - Letras USP
Natália dos Santos Vasconcellos
Abbul Mahmebb Said - Geografia na UNESP/Rio Claro
Rosa Guadalupe Soares Udaeta
Sabrina Paixão Bresio
Maria Helena P. T. Machado - História USP
Camila Souza Ribeiro - USP Ribeirão Preto
Daniel Calazans Pierri - Mestrando em Antropologia Social - FFCLH - USP
Maria Antonia de Vilhena Almeida
Elie Ghanem
Ana Marcia Rodrigues do Nascimento
Ana Flávia Pulsini Louzada Bádue
Karoline Ferreira Vagliengo - FFLCH/USP
Roger Augusto Barbosa Montemor - Filosofia USP
Iris Kantor  - DH - FFLCH
André Sales - Cursinho do NCN
wANDERSON pAIXÃO - São Paulo
Marlene Tovarblanco - Venezuela
Sidneia Silva 
Rodinaldo Alves dos Santos
Márcia Leão
Daniel Rodrigo Cunha do Carmo
Aldemirte Resende Cupertino
Ari Teperman
Claudia Rodrigues
Sâmia de Souza Bomfim 
Brunna Laboissière 
Danilo Piaia
Tarsila Bianchi
André Rocha 
Leonardo Vieira
André Banderas 
Yasmine Ramos 
José Paulo 
Jaime Solares
Paula Perroni 
Guilherme Teixeira
alice mahlmeister 
Lais Costa Lima 
Pedro Miguel Camargo
Júnior Moreira de Souza
Cassia Yebra 
Caio Ramirez 
Hiba Sampaio
Leonardo Calderoni 
wilian pizzino 
James Santos Pahim 
Guilherme Akiyama de Camargo
Letícia Miléo 
Carina de Luca 
 Conceição Lemes
Denise Soares 
Caio Marinho 
Lara Rocha
Mariana Pasini
José dos Santos Souza 
Julia Antoun Silva
Aline Lucia de Paulo 
Beatriz Protazio 
Marcia Farro 
Sidneia Silva 
Natalia Parizotto 
Mariana Elsas 
Carlos Reis Firmino 
Letícia P. Simões Gomes 
Diego Becker 
Renata Siqueira 
Tainá Mendes taina952@hotmail.com
Camila Sousa 
Patrícia Rocha de Figueredo 
Pedro Henrique Freitas 
Ana Valeria 
Clarice Campos M. Sá 
André Leal 
Renato Abramowicz Santos 
Suzeley Kalil Mathias suzeley@uol.com.br
André Rojas 
Philippe Gonçalves Dias - UNICAMP
Irene Maestro Guimarães
Aline Aparecida dos Santos Costa 
Talita Bernussi
Thiago Costa de Paiva 
Liz Alexandrita
Leonardo Ramos Pereira 
Jonathas Soares 
Cleyton Vilarino 
Fernanda Seidel Oliveira 
Deisy Ribeiro dos Santos 
Caio Matsumoto Sório 
Leandro Ferraz 
Virgínia Benatti 
Karoline Vagliengo 
Celi Audi 
Robson Fernando da Silva
Airton Paschoa 
Bruno Nogueira Fukasawa 
Murilo Morais de Oliveira 
André Vinícius Freire Baleeiro 
Melina Rombach 
Fernanda Cristina Campos 
Lucas Oliveira
Caio Toledo 
Vinícius Zanoli 
Arlete Moyses 
Mauricio Vieira Martins 
Lisete dos Santos 
beatriz abramides 
Ana Carolina Nery Albino 
Wilson Queiroz 
Leandro Silva de Oliveira - Mestrando em Sociologia UNESP Araraquara
Júlia Colussi
Guilherme Yazaki 
Arthur Major de Sousa 
Barbara Pontes 
Valéria Couto da Silva 
Muniz Ferreira 
Suzana Barroso 
Michelle Cirne 
Ana Carolina de Paula Silva 
Marina Almeida 
Vanessa Couto da Silva
Antonietta Abreu 
Camila Carduz 
Franciele Jordania Silva 
Léa Tosold 
Laercio Monteiro 
Táygara Martinez Martins - Núcleo de Direito à Cidade do CA XI de Agosto USP
Carolina Peters 
Carmem Añon Brasolin 
Alessandra Goes Alves 
Bruno Andre Biannuci
Simone Henrique 
Leandro Moita Vieira
Rodrigo Bittencourt
Felipe Carda 
Fabiano Furtado 
Juliana Pereira dos Santos
Thais Freire
Carolina Vilaverde 
Eliane Maria de Santana 
Leonardo Fernandes 
Ana Luiza Arra 
Daniela Frabasile 
Flavio Pontes
Guilherme Gomez 
Anaí Montanha 
André Hideki 
Mariana Knittel 
Rodrigo Dassie Pecoraro 
Leonardo Ramos Pereira
Vanessa Simon
... continua!