sexta-feira, 17 de maio de 2013

A USP é Racista?

A Universidade de São Paulo está entre as cem melhores universidades mundias, é a única da América do Sul na maioria dos Rankings, mas quando olhamos para a cor da pele dos discentes, docentes e funcionários efetivos da universidade, notamos que a grande maioria dessas pessoas são brancas. Dito isso, fazemos a seguinte pergunta: Por que a melhor universidade do país tem a sua população predominantemente branca, se a grande maioria da população brasileira é composta majoritariamente por negros?. Leonardo Sakamoto detalha os motivos dessa pergunta no texto: "O povo entra em cena". Um dos seus principais argumentos é a estatística note: "A exclusão dos negros se amplia pelos equipamentos e serviços públicos, e também pelos direitos. Um direito historicamente negado é o do acesso à educação. No Brasil 70% dos analfabetos são negros, e apenas 2,8% de negros com mais de 16 anos estão no ensino superior". Esse argumento ratifica que a USP tem um caráter elitista e racista.

Gostaria de lembrar alguns acontecimentos ocorridos dentro da USP que reforçam a argumentação dita anteriormente: no começo de 2012, sobretudo, em janeiro, todos acompanharam através da imprensa a postura racista do policial que agrediu o estudante negro dentro do espaço DCE ocupado, o policial duvidou que o rapaz fazia parte do corpo discente da USP por ter a pele negra. Outro acontecimento que reforça o preconceito racial aconteceu comigo mesma, deixe-me me apresentar sou uma estudante negra do curso de Letras e estava presente na reintegração de posse da Moradia Retomada no Bloco G do CRUSP. E na delegacia do 14° destrito policial sofri discriminação, os policiais registraram no meu boletim de ocorrência que eu tinha apenas o 1° grau incompleto e os demais, por serem brancos, foram registrados como superior incompleto. Diante disso, fica claro o quanto os órgãos institucionais têm postura racista.

Além disso, gostaria de fazer um apelo à todos para pressionarem a Reitoria na criação da Casa de Cultura Negra, pois sou professora de gramática do Núcleo de Consciência Negra e esse espaço está praticamente cercado por placas de uma empresa de demolição, sem garantia alguma de que a USP cederá um novo espaço para a continuidade das suas atividades politico-educacionais, como o Curso Pré-Vestibular, o Centro de Ensino de Idiomas e a Biblioteca "Maria Carolina de Jesus". Se a Reitoria não ceder um novo espaço, em boas condições de uso, teremos mais a prova cabal da postura institucionalmente racista que a USP têm para com a sociedade.  

Autora: Ingrid Lidyane Santos Silva - Aluna do 3° ano de Letras na FFLCH-USP e Prof.a de Gramática no Curso Pré-Vestibular Popular Vespertino, do Núcleo de Consciência Negra.

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